A PRIMEIRA INICIATIVA DE ABERTURA DA ESTRADA BOIADEIRA
“Voltando ao tempo, 1771 surge como o real primitivismo da história da Estrada Boiadeira. Foi na época em que o sertanista Francisco Martins Lustosa, após jornada infatigável, chegou aos campos de Guarapuava, região habitada na época apenas por índios nativos. As únicas “estradas” eram aberturas feitas na floresta densa, por onde Lustosa e seus homens penetravam, com a missão oficial de identificar e reconhecer o território inóspito, porém já disputado pelos reis da Espanha e Portugal.
A serviço da Província de São Paulo, governada pelo Português D. Luis Antonio Botelho de Souza Mourão, a expedição de Lustosa viajou um ano para chegar aos campos, dos quais se tinha apenas notícias vagas. Começava assim um lento e perigoso ciclo de ocupação das terras que ficaram em poder de Portugal, pois a Espanha concordou em encerrar o conflito de fronteiras. O homem branco se instalou definitivamente no lugar.
Em 1808 o príncipe D. João desembarcou no Brasil acompanhado da Família Real, determinando pressa na exploração dos Campos de Guarapuava, temendo a volta dos Espanhóis. Em 1769, expedição chefiada por Estevão Ribeiro Bayão, igualmente sob orientação da Província de São Paulo, havia descoberto os Campos de Mourão. Este nome foi escolhido por Bayão ao batizar o território em homenagem ao governador da Província, D. Luis Antônio Botelho de Souza Mourão, o “Morgado de Matheus”.
A presença dos dois Campos descobertos com o intervalo de somente dois anos entre um e outro, sugeria cada vez mais a abertura de uma estrada que os ligassem, porém as dificuldades eram extremas e impediam a execução do projeto. Aventureiros e investigadores faziam a pé o percurso, em carroções puxados por parelhas de bois, ou em lombo de burros.
O tropeirismo foi se firmando como meio de transporte, comandado pelos proprietários de tropas, alguns deles que se tornaram muito influentes, como o Barão de Tibagi, Coronel Joaquim Rezende de Lacerda e Francisco Paula e Silva Ramos. Era o tropeiro quem através de atividade própria realizava o serviço correio, provocando alegria geral ao entrar nos povoados levando cartas e recados que guardava na memória.
Em 1880, um grupo de negociantes residentes em Guarapuava viajou aos Campos de Mourão para ocupar 60 mil hectares de terras, encontrando alguma facilidade no trecho de Pitanga. Dali aos Campos (hoje Campo Mourão), enfrentaram dificuldades ingentes. No percurso se fortalecia o plano de construção de estrada que, sem interrupção, além de favorecer a união dos dois campos, alcançasse o Mato Grosso e seus rebanhos bovinos.
A compra de gado naquele estado e sua distribuição para engorda nos Campos de Mourão ocupava as conversas dos precursores. Quando José Luis Pereira e sua família desembarcaram na região em 1903, viajaram ainda a partir de Guarapuava num carro de boi. Chegando ao lugarejo de Pitanga, para continuar avançando, precisaram abrir picada na floresta. O carroção seguia mais alguns metros, parava e prosseguia quando houvesse espaço”.
Fonte: REPORTAGEM . Estrada Boiadeira. Campo Mourão. 1995.
Quer saber mais? Veja trechos selecionados que foram escritos por Luiz Cleve em 1903 e que falam um pouco mais sobre a abertura da estrada. Observe como se escrevia na época.
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