Lembre-se que você está realizando uma investigação para escrever uma carta para o governador relatando a história da construção da Estrada Boiadeira e precisa ter acesso a muitas informações. Esta pista irá apontar novos elementos a partir das contribuições de Edmundo Alberto Mercer sobre o período de 1910/1912, momento em que participou da abertura da Estrada Boiadeira.
O planejamento inicial para a construção da Estrada Boiadeira era fazer a ligação entre Guarapuava e Pitanga, com distância de aproximadamente 103 km, se estendendo até a localidade de Campo Mourão, o que aumentaria a distância em mais 132 km e seguindo mais 125 km até as barrancas do rio Paraná, totalizando aproximadamente 60 léguas. A construção da Estrada Boiadeira havia sempre ocupado o foco central para integração entre o Paraná e o Mato Grosso, mas no entanto, os investimentos sempre foram baixos e a dificuldade na travessia do rio Paraná se apresentava como um ponto dificultador do deslocamento, assim como os quase intransponíveis banhados de Mato Grosso.
Os trabalhadores que abriram a estrada logo se apossaram de um lote de terra e iniciaram a criação de “safras”, intensificando o comércio com Ponta Grossa. A estrada permitiu, ao menos, a entrada de migrantes para o interior do sertão paranaense, aproximadamente nas décadas de 1930-1940, entre eles os ucranianos e seus descendentes que alcançavam a região de Campo Mourão, além de outros migrantes.
Edmundo Mercer, como sertanista e topógrafo, conheceu muito bem o interior do estado, trabalhando na abertura da Estrada Boiadeira entre 1910 e 1912. No ano de 1910, Mercer foi contratado pela empresa Colle, Weiss & Cia. para colaborar na abertura da estrada Paraná – Mato Grosso, tendo Campo Mourão como área estratégica para o desbravamento e construção da estrada.
Figura 01: Travessia pelo Rio Ivaí e o encontro com os índios caiuá.
Fonte: http://www.tibagi.pr.gov.br/site/modules/news/article.php?storyid=1669. Acesso em Janeiro, 2014.
A retomada da tentativa de ligação entre a região da Guarapuava com a vizinha província de Mato Grosso recomeça em 1918, quando o Sr. Manuel Mendes de Camargo é incumbido pelo então Governador do Estado do Paraná, Affonso Alves de Camargo (1916-1920) para o avanço na construção e melhoria das condições de acesso por meio do “picadão”, que anteriormente havia sido aberto por expedicionários guarapuavanos nos anos de 1880/1881, almejando a criação de bovinos nos Campos do Mourão. Mercer foi contratado para retomar os trabalhos. Organizou “bem adestrada turma de camaradas composta de homens resolutos e afeitos ao mato” e no dia 13 de Julho de 1918 seguiu rumo a Guarapuava, Pitanga e Campo Mourão. Abaixo a figura que representa os trabalhos de Mercer e sua equipe na abertura da estrada.
Figura 02: Trabalho de abertura da estrada entre Guarapuava e Campo Mourão.
Fonte: http://www.tibagi.pr.gov.br/site/modules/news/article.php?storyid=1669. Acesso em Janeiro, 2014.
A princípio, a intenção era fazer a ligação pelo Porto Xavier, mas depois de cuidadosa inspeção e análise do local, Mercer achou inviável pelo fato de ter encontrado extensos brejais. Expôs a seu chefe sua descoberta e o aconselhou para que procurasse outro local, o Porto Lescano, com o que não concordou o Sr. Mendes de Camargo, mandando suspender os trabalhos. No entanto, Mendes de Camargo acabou por voltar atrás e empreendeu a construção pelo Porto Lescano, contratando outro engenheiro.
Tempos depois, insatisfeito com sua empresa, Manoel Mendes de Camargo queixou-se da escolha do Porto Lescano, o que fez com que Edmundo Mercer se sentisse ofendido com as considerações de seu antigo chefe. Escreveu uma carta em sua defesa e imprimiu cópias em livretos e distribuiu fartamente intitulada de “A Estrada Paraná Mato Grosso. Em Defesa” em 31 de Dezembro de 1919.
Tempos depois, insatisfeito com sua empresa, Manoel Mendes de Camargo queixou-se da escolha do Porto Lescano, o que fez com que Edmundo Mercer se sentisse ofendido com as considerações de seu antigo chefe. Escreveu uma carta em sua defesa e imprimiu cópias em livretos e distribuiu fartamente intitulada de “A Estrada Paraná Mato Grosso. Em Defesa” em 31 de Dezembro de 1919.
FONTE: Informações contidas no Relatório de Iniciação Científica da Unespar, 2013. Referência: HAHN, Fábio André; BUENO, Nathalia. Edmundo Mercer: um sertanista paranaense e Campo Mourão (1910 – 1930). Relatório de Iniciação Científica. Universidade Estadual do Paraná – campus de Campo Mourão, 2013.
MERCER, Luiz Leopoldo. Edmundo Alberto Mercer. Toca Mercer, um livro só para nós. Edição comemorativa de seu 1º centenário, 1978.
Em 14 de Agosto de 1913, Edmundo Mercer já havia escrito um artigo para o jornal Diário dos Campos no qual relatava a importância da Estrada Boiadeira, como podemos acompanhar por alguns trechos selecionados.
Ver mais... http://pibidfecilcamhistoria.blogspot.com.br/2014/05/descobrindo-historia-da-estrada_6.html